Os diferentes ponteiros de relógio que você pode encontrar
Estou longe de ser um musicista, um crítico de música ou até mesmo um entusiasta da primeira arte, porém uma coisa fica clara para mim ao conversar com colegas apreciadores de música: o baixo é um instrumento subestimado, uma vez que seu papel em uma composição geralmente recebe uma atenção muito menor que o de seus “colegas de trabalho”, a guitarra e a bateria.
Assim que tive conhecimento sobre essa injustiça presente no mundo da música, algo me ocorreu: também temos um baixo no mundo da relojoaria. Pelo menos no sentido metafórico.
Os ponteiros são essenciais em qualquer relógio (isso se não levarmos em conta relógios a quartzo com mostradores digitais e as criações de “malucos” — no melhor sentido da palavra — como a Urwerk, a Devon e o Max Busser da MB&F), porém eu sinto que não damos a devida importância a este órgão crucial de qualquer organismo horológico convencional.
Rolex 1601 de 1963, com ponteiros “alpha”, formato que a Rolex abandonou há muito tempo. (Fonte: Phillip’s)
Relógios com construções robustas e ares de resiliência não podem ter um conjunto de ponteiros finos e elegantes, assim como uma peça extremamente formal com uma estética clássica e refinada não pode possuir ponteiros enormes com baldes de tinta luminosa em seu preenchimento.
Esta regra não está escrita em nenhum livrinho, porém nós percebemos isso de forma inconsciente. Assim como uma bela canção, um belo relógio é composto de elementos que harmonizam entre si. Logo, quando tudo está em ordem e equilíbrio, é fácil que a importância dos ponteiros nessa composição visual passe despercebida; entretanto, se um destes agentes estiverem fora do lugar (no sentido estético), todo o balanço é arruinado.
Nós separamos alguns tipos de ponteiros, seus nomes, suas funcionalidades e alguns de seus usos mais comuns:
Ponteiros Dauphine
Os ponteiros Dauphine estão entre os mais comuns utilizados hoje na indústria, encontrados principalmente em relógios formais e que buscam apresentar uma imagem de elegância. Possui um formato preciso e “cirúrgico”, tendo um triângulo pequeno na parte de trás, localizado próximo da base, e seu corpo é formado por outro triângulo maior, geralmente polido para que haja dois lados.
A Grand Seiko é uma marca adepta dos ponteiros dauphines, utilizados na maioria de seus modelos. (Fonte: Antiquorum)
Ponteiros Breguet
Ponteiros Breguet são utilizados em relógios clássicos e finos e, como o nome já denuncia, foram inventados por Abraham-Louis Breguet, o lendário relojoeiro do século 18. São facilmente identificáveis pelo círculo próximo à ponta e pelo corpo uniforme com o final levemente pontiagudo.
Eles também são chamados de “pomme”, porém que mal faz mais uma invenção pra conta do relojoeiro da realeza? (Fonte: Breguet)
Ponteiro Mercedes
Eu já sei o que você está pensando, mas não: a Rolex não possui nenhum tipo de envolvimento ou parceria com a fabricante alemã de veículos. Este design de ponteiro, designado somente para as horas, surgiu nos anos 1950 e a Rolex foi a primeira marca a utilizá-lo, porém você também encontrará diversos relógios de mergulho de outras marcas usando-os nas décadas de 70 e 80.
O ponteiro Mercedes é caracterizado por um “pescoço” no começo, um círculo dividido em três setores e uma seta na parte exterior deste círculo. Não se sabe o motivo da Rolex ter introduzido este ponteiro e nem em qual foi a inspiração do mesmo, porém o consenso é de que somente um círculo não teria superfície suficiente para a tinta luminosa se “agarrar”, então esta divisória interna foi criada.
Rolex Submariner, ref. 124060. (Fonte: Rolex)
Ponteiros bastão
Assim como o nome revela, este tipo de ponteiro possui o formato de um bastão, como um retângulo bem fino. Eles podem ser quadrados ou arredondados, são utilizados em diversos relógios e são extremamente versáteis, podendo ocupar os mostradores de modelos esportivos, como um Patek Philippe Nautilus, ou modelos com uma abordagem mais requintada, como o Piaget Altiplano.
Patek Philippe Nautilus, ref. 5726/1A, com seus bastões arredondados. (Fonte: Patek Philippe).
Ponteiros plongeur
Quando o ponteiro das horas de um relógio possui um tamanho comum e o ponteiro dos minutos uma dimensão maior, obtendo mais “importância” no mostrador, você pode considerar como ponteiros plongeur. Plongeur significa mergulhador em francês, o que explica essa ordem hierárquica presente entre os dois ponteiros, visto que, para mergulhadores, saber quantos minutos de oxigênio restam é uma informação altamente valiosa debaixo d’água.
Omega Seamaster Ploprof 1200M, ref. 5224.32.55.21.01.001, o mais claro exemplo de ponteiros plongeur. (Fonte: Omega)
Ponteiros flecha
O nome já diz tudo neste caso: são ponteiros com a aparência de uma flecha. Devido a sua fácil legibilidade, os ponteiros flecha são principalmente utilizados em relógios de mergulho, porém os pontos que ganham em praticidade são perdidos no fator versatilidade, visto que são informais e utilitários. Um belo exemplo do uso de ponteiros flechas é a atual linha de Omega Seamasters Planet Ocean.
Omega Seamaster Planet Ocean 600M, ref. 215.30.44.21.01.002, com seus (mais que legíveis) ponteiros em flecha. (Fonte: Omega)
Ponteiros lápis
Como o nome já entrega, ponteiros em lápis possuem a silhueta de um lápis, um corpo alongado e retilíneo, geralmente preenchido com tinta luminosa, e um afinamento presente na ponta. São utilizados em todo tipo de relógio e, devido a sua simplicidade, é muito difícil não gostar deste tipo de ponteiro, pelo menos em minha opinião.
Rolex Explorer, ref. 6350, de 1953, a Rolex já chegou a utilizar ponteiros de lápis também para as horas no famigerado Explorer. (Fonte: Phillip’s)
Ponteiros espada
Ponteiros em espada são parecidos com os ponteiros lápis, porém seu corpo é mais protuberante, onde torna-se visível um alargamento presente antes de sua ponta afinada. São utilizados, principalmente, em relógios de mergulho e um ótimo exemplo do uso deles é encontrado nos relógios militares da década de 1960 e 1970, feitos pela Omega e pela Rolex para as marinhas de certos países.
Omega Seamaster 300, ref. 165024, de 1964. (Fonte: Sotheby’s)
Ponteiro folha
Ponteiros folha têm um aspecto natural, possuindo uma figura que se assemelha a uma longa folha. Possuem uma base fina que vai se alargando até o meio do corpo do ponteiro, onde então afina-se de uma forma sutil. São, geralmente, encontrados em relógios formais, como os da H Moser & Cie.
Moser & Cie. Endeavour Centre Seconds, ref. 1200-0215. (Fonte: H. Moser & Cie.)
Ponteiros seringa
Ponteiros em seringa têm esse nome pelo seu molde parecido com uma seringa hospitalar, tendo um corpo largo, reto, geralmente preenchido com tinta luminosa, e uma ponta fina e pontuda. É um ponteiro que certamente já foi mais popular antigamente e não é tão utilizado hoje, porém pode ser encontrado em cronógrafos antigos e também em modelos formais.
Breitling AVI Ref. 765 1953 Re-Edition, um cronógrafo que busca homenagear a herança aeronáutica da marca. (Fonte: Breitling)
Ponteiros catedral
Chegamos ao último ponteiro, o ponteiro catedral. Este é facilmente identificável pelo seu design que lembra uma vidraça de uma igreja. Estes ponteiros são extremamente antigos, podendo ser encontrados em relógios de pulso utilizados na primeira guerra mundial. Hoje em dia, eles podem ser encontrados em field watches, como o Oris Pointer Date.